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Rotação de culturas controla nematoides fitoparasitos

Nematoide de cisto e das lesões radiculares são os dois principais



Os nematoides podem ser bacteriófagos, com a cavidade bucal adaptada para ingerir bactérias; micófagos, que se alimentam de fungos, e existem os onívoros e predadores que se alimentam de vários pequenos organismos do solo. E também há os nematoides fitoparasitos, considerados os mais importantes e que se alimentam das raízes das plantas.


Nematoides fitoparasitos são vermes microscópicos que habitam a água do solo, sendo poucos os casos de nematoides aéreos. Todo nematoide fitoparasito, tem a cavidade bucal transformada em estilite. É com ele que o fitoparasito se alimenta nas raízes das plantas. “Todos os nematoides fitoparasitos são parasitos obrigatórios, que precisam de plantas hospedeiras para se multiplicarem”, declarou o pesquisador Guilherme Lafourcade Asmus, da Embrapa Agropecuária Oeste.

Para que os danos ocorram, existe a necessidade de três fatores atuarem em conjunto: presença dos nematoides, plantas suscetíveis, hospedeiras e ambiente favorável. Todo nematoide fitoparasito, tem a cavidade bucal transformada em estilite. É com ele que o fitoparasito se alimenta nas raízes das plantas.

As principais espécies da soja são Meloydogine javanica e M. incognita, ambos incitam a formação de galhas nas raízes. Heterodera glycines, chamado comumente de nematoide de cisto, visto que, ao morrerem, as fêmeas dão origem aos cistos, cheio de ovos. Rotylenchulus reniforme (reniforme) e Pratylenchus brachyurus (provoca lesões escuras nas raízes resultando no apodrecimento das raízes) – é o único que fica interno nas raízes, por isso as necrosa.

Em condições normais de lavoura, na presença de uma cultura suscetível, a densidade populacional do nematoide aumenta, vindo a decair com o final do ciclo da cultura e entressafra. No entanto com o plantio continuado, sequencial, de culturas suscetíveis a densidade populacional dos nematoides mantém-se em crescimento podendo causar danos às plantas. “Importante saber que plantas tolerantes podem não expressar sintomas ou danos, porém permitem a multiplicação do nematoide”, explica Asmus.

Nematoide-de-cisto – Heterodera glycines


As plantas ficam amarelecidas e enfezadas. É comum o crescimento de plantas daninhas devido à exposição do solo à luz solar. As reboleiras são muito grandes. A doença causada é chamada de nanismo amarelo da soja.

Nas raízes observam-se pequenos pontos branco brilhante ou amarelados, que são as fêmeas do nematoide. Findo o período de vida do nematoide, as fêmeas se transformam em cistos, muito resistentes, cheios de ovos. Em regiões de clima frio, podem sobreviver por até 11 anos no solo.

Asmus contou que, quando surgiu no Brasil, o nematoide-de-cisto causou muitos problemas, principalmente no Brasil Central, “mas a Ciência encontrou soluções”. Porém, atualmente, estão acontecendo ressurgências e esse nematoide está roubando a produtividade da soja. em locais como MT e Nordeste de MS. “Por que ele voltou? Um dos motivos é a cultura do milho ter migrado de cultura de verão para cultura de outono. Logo que apareceu, a recomendação era rotacionar a soja com o milho, que é uma planta resistente. As populações diminuíram no solo. Mas, com o tempo, o milho passou a ser plantado em sucessão à soja; perdeu-se a rotação.

Para mostrar como a rotação é importante, pesquisas foram realizadas com rotação de culturas com milho, cana, brachiaria e algodão. Após 1 ano de rotação, em média, houve redução de cerca 70% do número de cistos viáveis no solo.

Cistos se degradam devido ao ataque de fungos no solo. E a presença de matéria orgânica no solo aumenta a quantidade de fungos. Outra causa da alta densidade populacional é a pouca rotação de variedades com resistência.

As raças prevalentes no mundo inteiro são a 1 e 3. Mas no Brasil temos um número enorme de raças. Logo depois da ocorrência do nematoide de cisto, a pesquisa se mobilizou. A grande maioria de variedades lançadas tinham resistência a raça 3. Com isso, acabou-se exercendo no tempo a seleção às demais raças que começaram a aumentar progressivamente. 2,4 e 14 são as mais frequentes. Temos 25% das variedades de soja com resistência a nematoide de cisto, porém a grande maioria resistentes apenas às raças 1 e 3. Poucas variedades no mercado têm resistência a 2, 4 e 14.

Para diminuir a pressão de seleção sobre raças é preciso voltar com a soja suscetível a cada dois anos e manter a rotação para que a população do nematoide permaneça baixa.

Manejo inadequado do solo: pH alto do solo aumenta a multiplicação de nematoide de cisto, além de diminuir a disponibilidade de micronutrientes, acentuando os sintomas. Adicionalmente, em condições de altos valores de pH haverá menor atividade de fungos do solo, que são os principais inimigos naturais do nematoide de cisto. Valores de saturação de base por volta de 50% são os mais adequados para minimizar os problemas com o nematoide.


A presença do cisto, entre 1 e 3 por 100 cm3 de solo, já pode ser suficiente para causar danos. Mesmo com o esse aparentemente baixo nível populacional baixa, o nematoide já estará “roubando” produtividade da soja.


Nematoide das lesões radiculares – Pratylenchus brachyurus


Taxa de multiplicação inicial mais lenta. Sintomas em parte área ocorre mais comumente a partir da floração. As raízes ficam necrosadas. Quando a infestação é muito alta, o sistema radicular fica extremamente empobrecido. Penetra e permanece na raiz em toda sua fase da vida.

Até 2003, tinha importância secundária. Até que em 2003, houve o primeiro registro de perdas, com altas populações, em MT. E hoje voltou a chamar a atenção no campo. Passou a ser um problema na sucessão soja – milho safrinha. O milho é altamente suscetível e a soja também. Já a Crotalaria spectabilis é altamente resistente. Inexistência de variedades resistentes de soja. Temos mais tolerantes, que aguentam, mas ainda permitem a multiplicação de nematoides.

Manejo inadequado do solo: solos arenosos são mais suscetíveis, compactação do solo, déficit hídrico, deficiência nutricional, excesso ou falta de calcário. Mais frequente no Cerrado, Solos médio-arenosos, muitos hospedeiros, altas populações em raízes da soja.

As braquiárias multiplicam nematoides, umas mais outras menos, em quantidadeds diferenciadas, dependendo da espécie. Mas seu benefício é grande, ela aporta matéria orgânica, aumenta a macroporosidade, entre outros aspectos que devem ser levados em consideração.


O milheto é uma estratégia para controle de Pratylenchus na primavera, antes do plantio da soja. “Se a população for muito alta, entra com a crotalária no verão, em rotação. No outono, quando a população é baixa”, indica o pesquisador.

Controle biológico: há necessidade de cuidados no uso de fungicidas biológicos. Se aplicados em ambientes inadequados (alta insolação, solo desnudo, por exemplo), a probabilidade de dar certo é baixa. Já se for associado a uma quantidade de matéria orgânica, palhada, as chances de sucesso são boas.


Fonte: https://www.agrolink.com.br/

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